sábado, 20 de março de 2021

Vida passa
Também o 'por mim'
Que pelas mãos antepassa
Vida passa

quinta-feira, 11 de março de 2021

Felicidades para o meu ser
Agora tudo é químico 
Aflora trilha sonora que há em mim 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Passagem

Felicidades me vêm rápido e assim também se vão
Tudo está tão só, só de passagem 
Hoje foi tudo o mais do mesmo...
A não ser pelo que contabilizo, e que para mim o mundo girou
Em todos os ciclos os mesmos anseios (e eu nunca sei de onde vem tanto medo)
Acalentam-me as lembranças de um menino de cinco, uns vinte e cinco anos atrás
Cujo a sua senhora de trinta e cinco falava sobre os seus passos nos seringais 
Os cheiros que ainda marcam, sobretudo a nicotina (o lobo mau da tabatinga), essa um tanto mais
Nossa varanda de cerâmica amarela, o banco improvisado na escada 
Pouco diálogo entre o adulto e o menino antes do(s) Jornal(is) Nacional(is) 
O encaminho natural para o duro sofá de madeira e almofadas de onça entre arranjos florais
Ali a gente se abraçava pra acompanhar suas telenovelas e levantava para tomar água entre os comerciais
Da nossa varanda avistávamos os pontos cardeais, a constelação das três marias que nunca pude decifrar
Naquela varanda as promessas de verrugas nos dedos para cada estrela que eu pude apontar
E o que seria do meu texto de passagem senão o pretexto pras lamúrias de alguém com mais de trinta a se fundamentar? 
Não elenco nunca um sonho, nada pra me perpetuar, mas...
Que Deus, as forças do universo, os meus orixás... Todos me prevejam em cada letra das palavras que eu arranjar, as que eu materializo e as volatilmente absortas no tempo 
Que por um sinal eu me sinta perdoado pela dor, ardor, torpor na vida de cada semelhante que cruzei ou passarei, retomarei...
Que trinta é o bastante, e o montante de felicidade até aqui é o suficiente para já 
E se a vida ainda existirá, a isenção de tanta culpa, que já é tempo de se libertar...
E que nas noites antes de deitar, ainda dobre sobre os joelhos, pela entrega da humildade, sobretudo pelos anseios àqueles que desejo o bem-estar

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Amigo,
Existe o nosso jeito 
Enquanto nós 
Cê pra mim, eu pra ti 
Eu sozinho?
Só com os medos que te falo
Quando abre caminho 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

É só fevereiro

E como poderia medir? 
Não pude mensurar o que tivera a dizer 
Te vi dormir, te ouvi respirar 
E dessa paz questionar 
Deixei o ventre livre em minha mãe
Mas, por quê parti? 
Saudade
Voltar a nascer
Pela dor, adulto é renascer 


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Saudade

Sinto só, sinto saudade
Vem com dor, raiva, ALEGRIA!
E juro que é saudade...
 
Saudade vem do bem
É lembrança que vem
(Ih!) lembrança vem do mal também...

Saudade, energia pra trocar
Saudade que não tem vez
Vem que faz atrapalhar 

E se pudesse te dizer
Que vale a pena ter saudade
Ah Deus de céu...
Pediria: Ajuda nós a ponderar

Ôh saudade 
Espero que se vem
O tempo vai pra te acabar

 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Se

Por Hermógenes

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia… Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas… Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…
Se algum ressentimento, Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar, E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou… Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio… Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu… Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia… Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende… Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.